O mercado imobiliário brasileiro acumula aumento de 8,4% nas vendas de imóveis novos nos primeiros nove meses de 2020, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados hoje pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica.
O número de imóveis vendidos no terceiro trimestre subiu 57,5%, na comparação com o trimestre anterior, período marcado por retração econômica em decorrência da pandemia. Em entrevista ao UOL, o presidente da Cbic, José Carlos Rodrigues Martins, disse que o setor imobiliário deve fechar 2020 com crescimento de 5% a 10% no total de unidades comercializadas, mas destacou o problema da falta de insumos, que pode atrapalhar a tendência em 2021.
Nos primeiros nove meses de 2020 houve uma redução de 27,9% nos lançamentos de imóveis e uma redução de 13% na oferta, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação ao segundo trimestre de 2020, os lançamentos no terceiro trimestre subiram 114,1%. Apesar do grande aumento, os números ainda não compensam as perdas do primeiro semestre.
Os dados da Cbic foram coletados em 150 municípios, sendo 20 capitais.
Para a Cbic, o fato de o mercado não ter recuperado o volume de lançamentos represados em função da pandemia, apesar da tendência de crescimento nas vendas, pode ser um indicativo de cautela por parte dos empresários, em função do aumento no custo dos insumos em meio à falta de insumos e materiais.
Lançamentos
Em relação ao segundo trimestre de 2020, os lançamentos no terceiro trimestre subiram 114,1% e apresentaram resultado positivo em todas as regiões do país. O maior aumento foi observado na região Sudeste, onde os lançamentos subiram 197,5% (18.110 unidades), seguida do Norte, onde o número de unidades lançadas cresceu 140,0% (896 unidades).
Na comparação com o 3º trimestre de 2019, porém, os lançamentos de imóveis (42.885 unidades) no 3º trimestre de 2020 apresentaram uma queda de 10,5%. Houve redução no número de unidades lançadas em todas regiões, à exceção da Centro-Oeste, que registrou aumento de 65,5% nos lançamentos. A maior queda foi observada na região Sul (4.585 unidades), com 50,5% menos lançamentos que no 3º trimestre de 2019, seguida pelo Nordeste, com diferença de 22,4% (1.558 unidades).
No Sudeste, o número de unidades lançadas ficou praticamente estabilizado, com variação negativa de 1,2% (327 unidades).
No comparativo de lançamentos dos nove primeiros meses de 2020 (85.755 unidades) com o mesmo período de 2019 (118.886 unidades), houve queda geral de 27,9%. A maior diferença foi observada na região Sul, com 8.560 unidades a menos ou 37,3% menos lançamentos que no mesmo período de 2019. Em seguida Nordeste, com 6.640 unidades a menos ou 36,7% menos lançamentos que no mesmo período de 2019.
Vendas
No país todo, as vendas apresentaram um aumento de 57,5% no 3º trimestre de 2020, na comparação com o trimestre anterior. O resultado foi positivo em todas as regiões. O maior aumento foi observado no Sudeste, onde as vendas de imóveis subiram 93,3% (13.963 unidades) no 3º trimestre. No Centro-Oeste, o aumento foi de 70,0% (2.210 unidades) no período, seguido da região Norte, onde as vendas subiram 64,5% (692 unidades).
Na comparação entre o 3º trimestre de 2020 e o mesmo período de 2019, as vendas subiram 23,7% e também apresentaram resultado positivo em todas as regiões. A maior variação foi observada no Centro-Oeste, com um aumento de 69,3% (2.197 unidades) nas vendas.
No acumulado dos nove primeiros meses de 2020, houve aumento de 8,4% (9.976 unidades) no número de unidades vendidas em todo o país, na comparação com o mesmo período de 2019. Novamente, o resultado foi positivo em todas as regiões. A maior variação foi observada no Nordeste, com aumento de 27,1% no número de unidades vendidas, seguido do Norte, com aumento de 24,6%.
A oferta final de imóveis no 3º trimestre de 2020, na comparação com o mesmo período de 2019, apresentou uma queda de 13,0%. Na comparação com o 2º trimestre de 2020, a oferta final diminuiu 5,0% no 3º trimestre.
Uma pesquisa da Cbic apontou que a intenção de compra de imóveis por parte dos consumidores brasileiros subiu 15% em outubro, superando patamares anteriores à pandemia.